Aberto na tarde deste domingo (28 de
julho), em Aparecida (SP) o Congresso Nacional da Pastoral da Criança,
evento comemorativo dos 30 anos de atividades da entidade criada pela
médica pediatra e sanitarista Dra. Zilda Arns Neumann. “Este é um
momento histórico de congregação para partilhar experiências, animar na
missão, traçar metas e prioridades para os próximos anos”, disse a
coordenadora nacional da Pastoral da Criança, irmã Vera Lúcia Altoé.
Participam do congresso no Centro de
Eventos cerca de 500 pessoas, entre coordenadores da Pastoral da Criança
nos estados, setores e núcleos, além da equipe nacional, assessores
técnicos, palestrantes e outros convidados. Também participam
representantes da Pastoral da Criança de nove países (Filipinas, Angola,
Guatemala, Panamá, República Dominicana, Peru, Argentina, Colômbia e
Paraguai).
A criança como prioridade
O
tema central do congresso “A criança como prioridade absoluta” foi
exposto pelo médico Nelson Arns Neumann, coordenador nacional-adjunto e
coordenador da Pastoral da Criança Internacional. Com a diminuição do
índice de mortalidade infantil, a entidade volta-se agora para novos
desafios. Ser referência para a criança em situação de vulnerabilidade é
uma das prioridades da Pastoral da Criança para os próximos três anos.
A Pastoral da Criança “como referência, mas
não como executora” explicou Neumann. “Ela não vai resolver todos os
problemas relacionados à criança. “Mas ela deve encaminhar o problema,
articulando e reforçando a ação do serviço público ou de outras
instituições que atuam com a criança”.
A ampliação das ações de vigilância
nutricional para prevenção da obesidade infantil; os cuidados nos
primeiros mil dias (período da gestação mais os dois primeiros anos de
vida da criança); a ampliação do número de crianças acompanhadas e o
aprimoramento da gestão, com objetivo de atingir sua missão, também
estão entre as prioridades da Pastoral da Criança que estão sendo
debatidas no evento.
Diversidade e riqueza cultural
O
Centro de Eventos no Santuário de Aparecida reúne nesta semana um
grande retrato do que é o Brasil, na sua diversidade e riqueza cultural.
São pessoas que vêm de todas as regiões do país, cidades longínquas do
interior, com diversos sotaques, semblantes e uma coisa em comum: o
compromisso com a missão da Pastoral da Criança.
Outro ponto em comum é a alegria. Por isso,
a abertura do congresso incluiu muita música, saudações, orações e
reverências a Nossa Senhora Aparecida e às diversas denominações que a
mãe de Jesus vai ganhando em cada lugar, cidade, país, como a Nossa
Senhora de Chiquinquirá que foi lembrada pela comitiva que veio da
Colômbia.
Teatro resgata Florestópolis
A encenação da criação da Pastoral da
Criança em Florestópolis, em 1983, pela equipe de colaboradores da
coordenação nacional foi aplaudida de pé. Dirigida pelos jornalistas Ivo
e Sonia Prati, a cena teatral resgatou o surgimento da Pastoral da
Criança a partir do encontro entre o cardeal dom Paulo Evaristo Arns e
James Grant, diretor do Unicef.
Outro
quadro destacou a vida sofrida dos cortadores de cana de Florestópolis,
cidade onde morriam 127 criancinhas em cada mil nascidas vivas e a ação
empreendida por Zilda Arns Neumann, dom Geraldo Majela Agnello, bispo
de Londrina, e a comunidade de Florestópolis que marcou a história da
infância no Brasil.
Ednilson Cunico e Humberto Cereser Ibanez,
funcionários da coordenação nacional, deram vida aos bóias frias que
viam suas crianças sucumbirem vítimas da desnutrição. “Foi importante
participar do resgate da história da Pastoral”, disse Humberto. Paulo
Wilson de Jesus Costa, apoio na Bahia, aplaudiu a iniciativa da
coordenação nacional. “Emocionante e muito interessante tornar concreto
que de fato aconteceu”, afirmou.
Veja a íntegra da mensagem da coordenadora nacional, irmã Vera Lúcia Altoé
Congresso Nacional da Pastoral da Criança - Palavras
de Irmã Vera Lúcia Altoé, Coordenadora nacional da Pastoral da Criança,
na Abertura do Congresso no dia 28 de julho de 2013
Em
nome da coordenação nacional, cumprimento e dou as boas-vindas a todos
os participantes deste Congresso Nacional, onde estamos celebrando o
trigésimo aniversário da Pastoral da Criança. É uma alegria nos
encontrarmos e nos acolhermos como lideranças comprometidas com a vida,
sobretudo onde ela se encontra mais ameaçada e fragilizada.
Acompanhamos hoje a Celebração Eucarística
presidida pelo nosso Papa Francisco, que vem nos inspirando e dizendo
que é preciso sairmos de nós mesmos rumo a todas as periferias
existenciais. Recordo, especialmente, de sua homilia sobre o pastor que
se dá conta de que lhe falta uma ovelha: deixa as 99 e vai procurá-la. O
Papa Francisco nos lembra que na ação evangelizadora temos uma ovelha e
que precisamos sair em busca das 99 que faltam. É mais fácil ficar em
casa com uma só ovelha, penteá-la, acariciá-la. Mas, ele afirma que Deus
quer que todos nós sejamos pastores e não penteadores de ovelhas!
Que Deus ilumine o Papa Francisco nessa sua grande tarefa e que a Mãe Aparecida o cubra com seu manto Sagrado.
Estamos chegando de 27 estados do Brasil e
de mais nove países, alguns bem distantes. O que importa e o que conta
agora é a missão que nos une e nos desafia a caminhar e lutar sempre por
um mundo mais humano, solidário, justo e fraterno. Agradeço muito o
trabalho e o esforço de cada um para responder ao nosso chamado e
participar deste Congresso.
Ainda que tenhamos familiaridade com os
assuntos pertinentes ao Congresso, vamos falar do nosso dia a dia. É um
momento histórico de congregação para partilhar experiências, animar na
missão, traçar metas e prioridades para os próximos anos.
Queremos viver este tempo do Congresso como
uma Celebração, como um presente de Deus por tantas vidas que foram
doadas no decorrer desses trinta anos. Em especial, queremos lembrar a
nossa fundadora Dra. Zilda que, com sua dedicação incansável, não mediu
esforços para que essa semente lançada na terra pudesse continuar dando
frutos.
Creio que no coração e na mente de cada um
de nós temos muitos questionamentos e preocupações que, com razão, nos
inquietam, nos angustiam, pois estamos num tempo de crise, sobretudo
pela falta de mais voluntários e lideranças comprometidas. Mas, vamos
lembrar que a crise precede a transformação.
Nosso tempo é sagrado, nossa liderança é um
dom e nossos desafios são bênçãos que o Espírito nos dá para reconhecer
este movimento, entrar na corrente e nos deixarmos levar por ela. Nosso
tempo é agora, para o qual Deus está nos chamando!
Que a Mãe Aparecida nos inspire a encontrar
os novos caminhos para a Pastoral da Criança. Ela, Maria, a Nossa
Senhora, a primeira líder a prestar serviço à prima Izabel.
Com o coração transbordante de confiança e
de expectativa, na casa da Mãe Aparecida, à luz desta vela que acendemos
como o fogo em nossos corações, damos início ao nosso Congresso.
Amém.
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