sexta-feira, 5 de abril de 2013

Bolo de batata doce de duas cores sem farinha


  As batatas roxas vieram da nossa chácara em Piracaia. Tudo agora que tem algum potencial de brotar eu enfio na terra sem método nem disciplina. Brotam aqui nos vasos, eu vou levando pra lá onde são plantados quase sempre sem identificação. Ainda estamos resolvendo outras coisas, por isto estou plantando a torto e direito. O que nasce é lucro. Por isto achei um lucro danado quando cheguei lá e vi secando no chão umas poucas batatas que o caseiro conseguiu salvar de um lugar que seria cavocado.  Nem sabia que tipo de batata era e fiquei super feliz quando descobri que eram estas roxas. 

Já falei delas no post onde dei a receita do pão roxo. Aliás, estas devem ser filhas daquelas.  Elas são muito nutritivas e ricas em antioxidantes, mas não são tão doces, por isto são boas não para se comer puras como as brancas e amarelas, mas para fazer doces, pães etc. 

Parte das batatas colhidas usei para fazer um pão (parecido com este do link acima), que levei ainda quente à casa da amiga Marly na semana passada e foi prontamente devorado com umas pimentas jalapeños assadas recheadas, super ardidas, deliciosas. Combinou. 

Já a receita do bolo ganhei da amiga baiana Silvinha que esteve aqui recentemente. Ela trouxe de Lençois, Chapada Diamantina, da pousada do ex-marido Alcino, onde é servido o melhor café da manhã que já provei entre todas as pousadas e hoteis por onde andei. Aliás, o famoso café da manhã da Estalagem do Alcino servido numa grande mesa coletiva (veja este vídeo, com Caio, filho da Silvinha, servindo - não pára de chegar itens)  foi idealizado na época em que Silvinha também era proprietária, inspirado no café da manhã servido na casa de sua avó. De lá pra cá, Alcino tem incrementado a cada dia e o bolo anotado na agenda da Silvinha, servido atualmente lá,  foi a base que usei para o meu.  

Para começar, queria usar as batatas roxas. Como não havia muito delas, completei com batatas amarelas. E como pressenti que a coloração não ficaria rosada e sim cor-de-burro-quando-foge, reservei um pedaço das duas batatas para fazer cubinhos e colorir o bolo. Também achei que o bolo inspiração era mais úmido, um tipo de pudim. E o meu, queria tentar fazê-lo mais fofo, por isto diminuí os líquidos o quanto pude. Concentrei ainda mais o leite, na forma de doce em vez de leite condensado e leite de coco. E usei fermento além das claras em neve. Juntei noz moscada e canela para perfumar. O modo de fazer não veio na fórmula anotada, mas não foi difícil deduzir, pelo menos para chegar aonde eu queria. 

A massa ficou densa e tive medo que crescesse no forno e depois murchasse, mas não. As meninas francesas Cecile e Sofie, além da argelina Yasmin e a sobrinha Flora,  que estão hospedadas aqui, começaram a perceber o bolo assando pelo aroma bom. Depois degustaram, gostaram, tentaram advinhar as especiarias e elogiaram. Educadas, lógico, mas aceitaram mais e comeram tudo. Fiquei feliz. 

O bolo assado desenformou facilmente, não abaixou e ficou fofo. Está certo que não fica sequinho como um bolo de trigo, mas é um bolo fofo e úmido. De qualquer forma, não fica denso como um pudim e o sabor ficou bem bom, afinal batata-doce combina com noz moscada e canela. 

Acredito que o uso exclusivo de um tipo de batata não interfira no resultado, mas gostei muito dos cubos coloridos. E mesmo que faça uma massa monocromática, os cubos de batata produzem um efeito decorativo quando o bolo é cortado. E o melhor é cortar depois de frio. Eu aparei todas as beiradas para o bolo esfriar rápido - e as meninas comeram tudo. Mas não precisa, claro. Basta cortar os quadrados e nhac! 




Bolo de batata doce de duas cores 

50 g (1/4 de xícara) de manteiga em temperatura ambiente 
1 e meia xícara de açúcar 
4 ovos (claras separadas)
1/4 de xícara de doce de leite cremoso (usei da marca Aviação)
1 pitada de sal 
1 colher (café) de noz moscada ralada na hora 
1 colher (chá) de canela em pó 
600 g de purê de batata doce (cozida em água até ficar macia, descascada, espremida ainda quente e usada depois de fria - equivalente a 3 xícaras com o purê bem apertado - pode usar batatas de variedades diferentes)
1 colher (sopa) rasa de fermento químico em pó 
1/2 xícara de batata doce cozida cortada em cubos de 1 centímetro (pode ser dos dois tipos escolhidos para o purê ou do único tipo usado) 

Na batedeira bata a manteiga até formar um creme. Junte aos poucos, sem parar de bater, 1/2 xícara de açúcar. Adicione as gemas, uma a uma, com a batedeira ligada. Acrescente, aos poucos, mais 1/2 xícara de açúcar e continue batendo. Junte, aos poucos, o doce de leite, o sal, a noz moscada e a canela. Coloque o purê de batatas e bata bem até a mistura ficar bem homogênea. Acrescente o fermento e bata só até misturar. À parte, bata as claras em neve com o açúcar restante. Despeje a massa de batatas sobre as claras e misture com cuidado para obter uma massa uniforme. A massa deve ser densa. Acrescente os cubos e misture delicadamente. Coloque a massa em forma baixa de bolo, de tamanho médio,  untada com manteiga e polvilhada com algum amido (usei araruta, mas você pode usar também polvilho ou farinha de mandioca). Leve ao forno médio e deixe assar até dourar e se soltar das bordas da assadeira. Espere esfriar e corte em quadrados. 
Rende: 20 pedaços 

FONTE: BLOG COME-SE

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